O início da Leveda

O bom pão veio para ficar, no Brasil já existem padarias artesanais de alta qualidade e em São Paulo não podia ser diferente. Padeiros e padeiras tem se dedicado a fazer pão de verdade: com farinha, água e sal, respeitando o tempo do pão e os longos processos de fermentação. Eu me incluo nessa lista e vou falar um pouco sobre a principal matéria-prima do pão, a farinha de trigo.

Pão de verdade: farinha orgânica, água e sal

Quando pensamos em pão, pensamos no glúten, mas a farinha vai muito além disso. O glúten hoje é temido, assim como a gordura e o ovo já foram demonizados pela grande mídia. Ele é apenas a união de dois aminoácidos presentes no trigo (também na cevada e no centeio) que quando unidos criam uma grande proteína. A digestão do glúten pode ser complicada para as pessoas mais sensíveis, por isso o ideal é sempre fermentá-lo longamente, fazendo com que a grande cadeia de proteínas seja quebrada novamente em pequenos aminoácidos fáceis de digerir. Fala-se muito sobre o glúten e esquecemos de levar em conta que o trigo é um grão plantado, cuidado e colhido, que depois é moído para virar farinha. Todo esse processo envolve agricultores, natureza, moagem e venda.

Teoricamente a farinha seria apenas trigo moído, mas a maioria possui muito mais ingredientes – não mostrados na embalagem – em sua composição. Uma farinha comum no Brasil, além de possuir enormes quantidades de agrotóxicos utilizados durante o crescimento do trigo, também contém enzimas, melhoradores e alvejantes. Um dos melhoradores mais utilizados é a azodicarbonamida, um composto químico cujo uso é permitido como aditivo alimentar em poucos países no mundo (o Brasil é um deles!), também utilizado para dar flexibilidade a solas de borracha e a tampas de plástico. Ou seja, a mesma substância que está no seu chinelo também está no pão francês do dia a dia. Ao me deparar com esse dado assustador, fui procurar uma alternativa mais saudável de farinha para produzir meus pães sem nenhum veneno.

Plantação de trigo orgânico no Paraná

Na panificação é conhecida a qualidade das farinhas francesas e italianas, de como são saborosas, boas para fazer pão e de como a produção e moagem lá é ótima. Não discordo desses fatos, porém há um pequeno detalhe escondido na farinha estrangeira. Mesmo que ela tenha sido feita com trigo orgânico, ao ser enviada para o Brasil, ela recebe uma carga de veneno para matar as possíveis pragas presentes no trigo. Esse procedimento é padrão, todo país possui as chamadas barreiras fitossanitárias para impedir a proliferação de pragas vindas de outros lugares. A fumigação é feita no container e deve ser aplicada em todo produto, ou seja, toda farinha estrangeira que chega no Brasil já passou por esse processo.

A única possível solução para fugir dos aditivos químicos então foi utilizar farinha brasileira orgânica. Assim além de utilizar uma farinha que sei que é pura (apenas trigo moído sem veneno), também apoiamos o agricultor orgânico local e a agricultura familiar. É saúde do meio ambiente, saúde de quem planta, saúde de quem come e investimento na economia nacional em um pacote só!

Trigo orgânico antes de virar farinha

Pensando na importância da saúde de todos, decidi banir os agrotóxicos, transgênicos e industrializados da minha vida o máximo possível para ter uma vida mais plena.

A mudança na minha alimentação provocou uma mudança automática para os produtos que decidi produzir, não faço nada que eu mesma não comeria. Foi seguindo esses ideais que criei a Leveda Padaria Natural, fazemos apenas pães com farinha orgânica nacional e de fermentação longa e 100% natural.

Mariana Galhardo

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